Fiquei Em Dúvida Entre Duas e Escolhi a Errada
Por André Wilson
Houve um princípio de incêndio aqui no prédio.
Felizmente, tudo acabou bem, porque um morador viu a fumaça saindo pela janela e ligou para o 193.
Os bombeiros arrombaram a porta, e apagaram as chamas.
O motivo foi que a moradora saiu para trabalhar e esqueceu a panela no fogo.
Quando os bombeiros chegaram, o fogo já estava queimando o móvel da cozinha.
Foi quase…
Nosso Cérebro
Gosta Mais Dos Erros
Logo que ficamos sabendo do ocorrido, a minha esposa me deu um “puxão de orelha”.
É que eu já esqueci a panela no fogo (mais de uma vez).
Certa vez, resolvi fazer ovos cozidos.
Fui fazer outra atividade, e esqueci de desligar o fogo.
A água secou e os ovos explodiram!
O teto ficou todo sujo, mas nada sério aconteceu.
Graças a Deus!
Entretanto, por causa desse incidente, fiquei com a fama de marido-que-queima-comida-no-fogo-sempre.
Então, se você perguntar a minha esposa se é comum eu esquecer a panela no fogo, ela irá responder que SIM, sem nem pensar muito.
Mas, é correto afirmar que eu SEMPRE esqueço a panela no fogo?
Vamos às estatísticas.
No ano de 2021, esqueci a panela no fogo 3 vezes e, considerando que o ano tem 365 dias, lembrei de desligar o fogão 362 vezes.
Fazendo os cálculos, esqueço a panela no fogo menos de 1% das vezes, mas estou sendo julgado como se fizesse isso 100%.
Faz sentido?
Há um viés psicológico operando aqui.
Poucos erros estão norteando o julgamento da minha esposa.
Quantas Vezes Você
Escolheu a Certa?
Entretanto, a patroa está correta em agir assim.
Deixar a panela no fogo é bastante perigoso e o risco de catástrofe é enorme.
Por isso, mesmo diante de 1% de erro, o cérebro da minha esposa vai prestar mais atenção, porque há risco de eu colocar fogo no prédio inteiro.
O julgamento é “equivocado”, mas faz sentido agir assim para garantir a sobrevivência da família.
Mas, faz sentido dizer SEMPRE que fico em dúvida entre duas alternativas escolho a errada?
Por exemplo, em uma questão de prova, você fica em dúvida entre as alternativas “a” e “b”.
Então, você escolhe a alternativa “a”, mas a resposta correta é “b”.
Depois de fazer isso outras vezes (e perder pontos preciosos na prova), você começa a acreditar que SEMPRE escolhe a errada.
Essa crença é verdadeira?
Há um motivo justo para mantê-la?
Vamos investigar:
- Quantas vezes você ficou entre duas alternativas e escolheu a certa?
- O número de respostas certas é maior ou menor do que quando você fica em dúvida e escolhe a errada?
Investigue
Investigue Mais
Tive uma aluna que vivia reclamando que ficava em dúvida entre duas alternativas e SEMPRE escolhia a errada.
Então, pedi para ela contabilizar o número de vezes que ela escolhia a resposta certa quando ficava em dúvida.
O resultado após três semanas de investigação foi que ela acertava entre 65% e 75% das vezes!
Minha aluna tinha certeza de que SEMPRE escolhia a errada, porque estava prestando atenção apenas nos erros.
E, o que é pior, julgando a sua capacidade de decisão com base nesses erros.
A minha esposa acredita que eu SEMPRE esqueço a panela no fogo.
Essa crença garantiu nossa sobrevivência até agora (e a dos vizinhos também).
Ela até comprou um fogão com controle de tempo para mim (risos).
Mas minha aluna não estava tentando sobreviver.
Não havia um motivo justo para manter a crença na sua incapacidade.
Ela estava apenas frustrada, e usando os erros para fortalecer a crença de que era incapaz de escolher a alternativa correta.
Isso é bem perigoso (e bem comum também).
Enquanto estamos fazendo nossas listas de exercícios em casa, até dá para conviver com essas crenças.
Mas, quando estamos em ambiente de prova, sob forte pressão e estresse, esse tipo de crença atrapalha nossa confiança e pode custar caro.
Tenha cuidado.
Dúvida Entre A e B
Mas a Resposta é C
Quantas vezes você ficou em dúvida entre duas alternativas e a resposta não era nenhuma delas?
Por exemplo, você ficou em dúvida entre “a” e “b” e a resposta era “c”?
Curiosamente, não percebo os concurseiros muito preocupados com isso.
Mas essa situação é bem pior, porque sinaliza problema real na aprendizagem.
Se estiver acontecendo muito com você, melhor rever a forma como estuda.
Não está lendo teoria demais?
E Quando
o Problema é Real?
Você investigou e constatou que erra mais do que acerta quando fica em dúvida?
Ótimo!
Você encontrou um problema real de aprendizagem para trabalhar.
Lembre-se de que minha esposa resolveu o problema comprando um fogão com relógio para mim.
E não desistindo do casamento por medo de morrer queimada.
Então, não desista de fazer concursos só porque você sente insegurança sobre sua capacidade de escolher a alternativa certa.
Foque em encontrar uma solução simples para o problema.
Você pode descobrir que existem soluções tão óbvias como colocar um relógio despertador no fogão.
Por exemplo:
- Experimente praticar MAIS com questões de provas anteriores e ler MENOS teoria.
- Experimente investigar MAIS o que faz você ter dúvida e/ou errar uma questão e ler MENOS comentários de professores.
- Experimente ler MAIS lei seca e passar MENOS tempo assistindo videoaulas;
- Aprenda o Princípio de Kasparov.
E nunca saia de casa antes de verificar se tem panela no fogo. ?
Para fortalecer seus estudos,
André Wilson
PS. Escuto muito também: “fiquei em dúvida entre duas alternativas, escolhi a resposta certa, mas mudei para a errada”.
Na próxima postagem, irei falar sobre o problema do queijo suíço.
E como estudar por questões de provas anteriores para reduzir essa insegurança (e ajudar você a escolher a questão certa da próxima vez).
Até breve! 😉
André Wilson. É sócio-fundador da Customiza Concursos. Analista de Administração e Finanças da Superintendência de Seguros Privados – SUSEP, aprovado em 3.º lugar (2010 – São Paulo). Bacharel em Administração, com MBA Executivo Internacional em Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e University California (UCI). Membro da Sociedade Brasileira de Coaching. Certificado pela The Inner Game International School. Outras aprovações: Analista Administrativo – Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ (6.º lugar) e Analista Administrativo – Área Administração – Agência Nacional de Águas – ANA (7.º lugar).
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